Comunidade de Energia Renovável de Évora

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Através de abordagens inovadoras, o projeto AURORA em Évora continua a superar desafios e a impulsionar a integração de energias renováveis numa cidade historicamente protegida. Ao estabelecer uma Comunidade de Energia Renovável, aproveitando modelos de energia distribuída e envolvendo-se em iniciativas educativas e sociais, a Universidade de Évora está a estabelecer um exemplo para soluções de energia sustentável. Embora os desafios persistam, estes esforços demonstram como a energia renovável, a conservação do património e o envolvimento da comunidade podem coexistir, abrindo caminho para um futuro mais verde em contextos urbanos históricos.

Avançar na Energia Renovável na Universidade de Évora: Desafios e Novas Oportunidades

O conceito inicial do projeto AURORA em Évora visava aumentar o autoconsumo de energia da Universidade de Évora através de uma central fotovoltaica (FV) de 200 kW, cobrindo aproximadamente um quinto do pico de consumo de eletricidade do campus. O projeto pretendia envolver 1500 participantes, principalmente estudantes e funcionários da universidade, contribuindo entre 20€ e 1000€, promovendo uma participação inclusiva. Para simplificar a governança e minimizar os custos legais e administrativos, a universidade seria a proprietária e gestora direta da instalação, evitando a necessidade de uma entidade legal separada. Este modelo garantia o cumprimento das regras de contratação pública, permitindo a integração harmoniosa dos membros da comunidade académica na iniciativa.

O projeto previa a criação de uma Comunidade de Energia Renovável (CER), gerida internamente pela universidade. No entanto, restrições legais e financeiras impediram a universidade, como instituição pública, de oferecer retornos financeiros aos participantes. Em vez disso, foi analisado um modelo que oferecia descontos em serviços universitários, propinas ou bens, mas, infelizmente, esta abordagem foi considerada inviável. A única alternativa viável foi um esquema baseado em doações, que acabou por não atrair a participação suficiente da comunidade.

Explorando Modelos Alternativos: Parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa

Face a estes desafios, a equipa do AURORA em Évora explorou abordagens alternativas, envolvendo-se com Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) em Évora, em particular a Cruz Vermelha de Évora, como um potencial parceiro. O conceito revisto propunha a instalação de uma central FV no telhado da Cruz Vermelha, aproveitando o espaço disponível para a produção de energia renovável. Um componente chave deste modelo envolvia a Cruz Vermelha a gerir o processo de financiamento, facilitando a participação da comunidade através de mecanismos de microempréstimos, ao mesmo tempo que garantia um quadro de investimento inclusivo e socialmente orientado. A Cruz Vermelha beneficiaria diretamente da energia produzida através do autoconsumo, reduzindo significativamente os custos de eletricidade e permitindo a realocação das poupanças para os seus programas de apoio social. Esta iniciativa visa gerar impacto económico e social, demonstrando o potencial da energia renovável descentralizada para fortalecer a resiliência da comunidade. No entanto, apesar de promissor, o projeto ainda não avançou.

Superar as Restrições Patrimoniais: A Criação de uma Comunidade de Energia Renovável

Em paralelo, a equipa do AURORA em Évora tem trabalhado na criação de uma Comunidade de Energia Renovável para facilitar o autoconsumo coletivo nos edifícios da universidade na cidade de Évora. Como Património Mundial da UNESCO, Évora está sujeita a regulamentações estritas que limitam modificações visíveis nos edifícios, tornando a geração de energia solar no centro histórico altamente desafiadora. Dadas estas restrições, a equipa desenvolveu um modelo de energia distribuída, onde a energia solar é gerada fora das muralhas da cidade e pode ser consumida no interior, garantindo o cumprimento dos requisitos de preservação do património enquanto avança a transição energética numa área que, de outra forma, ficaria para trás.

A legislação portuguesa só permite a partilha de energia através da rede quando uma CER está formalmente registada. Reconhecendo isto como um caminho viável, a Universidade de Évora está em processo de registo de uma CER, permitindo que a energia solar produzida em áreas menos restritas alimente as instalações universitárias no centro histórico. Esta solução garante que a conservação do património não impeça o acesso a energia limpa, permitindo à universidade otimizar o autoconsumo enquanto cumpre as restrições regulamentares.

City of Évora, UNESCO Heritage
Cidade de Évora, zona Património da UNESCO delimitada a amarelo.

Para melhorar ainda mais a eficiência energética, foi obtido financiamento para melhorar a sustentabilidade das residências de estudantes, um projeto que inclui a instalação de capacidade FV adicional. A projeção inicial da CER estimava uma potência FV total instalada de aproximadamente 750 kWp, combinando instalações existentes e novas em vários edifícios universitários. No entanto, devido a renovações planeadas nas residências, poderão ser necessários ajustes, potencialmente reduzindo a capacidade total instalada. Apesar disso, espera-se que uma parte significativa das instalações previstas seja implementada, reforçando o compromisso da universidade com a integração de energias renováveis.

Educação e Envolvimento

Para além da geração de energia, a criação de uma CER na Universidade de Évora representa uma valiosa oportunidade educativa, servindo como um laboratório vivo para estudantes, funcionários e a comunidade em geral. Ao integrar a produção e o autoconsumo de energia renovável na infraestrutura da universidade, a CER promove a consciencialização sobre modelos de energia descentralizada, ação climática e eficiência energética.

Para aumentar o envolvimento, a app AURORA Energy Tracker fornece uma ferramenta de visualização em tempo real, permitindo que os participantes monitorizem a produção e o consumo de energia, bem como o seu impacto. Isto promove uma compreensão mais profunda da dinâmica das energias renováveis, encorajando estudantes e funcionários a contribuir ativamente para os esforços de sustentabilidade, a acompanhar o seu impacto e a tomar decisões informadas sobre energia. Além disso, ao demonstrar a viabilidade da integração de energias renováveis numa cidade protegida pela UNESCO, o projeto serve como um modelo replicável, inspirando partes interessadas locais a adotar abordagens semelhantes. À medida que a CER evolui, a app AURORA Energy Tracker desempenha um papel fundamental no apoio a iniciativas de sustentabilidade, reforçando a liderança da universidade em responsabilidade ambiental e promovendo a literacia energética nas comunidades académica e local.

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